Seja em redutos verdes, nas lagoas ou no topo
dos prédios, é possível observar uma diversidade de animais de vida
livre no ambiente urbano. Extintas no resto do Ceará, o canário-da-terra
e a jandaia são encontrados na Capital
(Foto: Sanjay Veiga)
Iguanas, raposas, corujas e cobras. Esses são apenas alguns dos
animais silvestres encontrados na Fortaleza que já foi toda verde um
dia. Livres da vida em cativeiro, queridas ou não pelos humanos, as
diversas espécies não se restringem aos redutos arborizados da Capital.
Algumas podem causar surpresa quando aparecem em residências, como
guaxinins e marsupiais. No caso de pássaros e saguis (soins), os bichos
viram alvo de admiração e correm o risco de ser capturados para a venda
ilegal ou para viver como animais domésticos.
As aves
silvestres trazem à cidade uma diversidade de cores e sons. O
canário-da-terra e a jandaia são raros no Ceará e podem ser encontrados
mais facilmente na Capital. De acordo com o biólogo Sanjay Veiga, o
costume de caçar e capturar animais diminuiu no ambiente urbano, o que
deu novo fôlego às espécies em geral. O pesquisador do Laboratório de
Estudos Ornitológicos (Labeo), da Universidade Estadual do Ceará (Uece),
aponta maior conscientização dos moradores, além de mais ações dos
órgãos de fiscalização.
Animais vindos de fora também podem
desfrutar de certa tranquilidade. Gaivotas, maçaricos e águias são
exemplos de aves migratórias que chegam a Fortaleza para fugir do
inverno do hemisfério norte, podendo ser vistas em todos os cantos da
cidade. Onde há torres e prédios altos, é possível observar o voo rápido
do falcão peregrino. A espécie está presente em quase todos os locais
do mundo e é atraída para grandes centros urbanos pela abundância dos
pombos, que são suas presas.
Na água
Nas
lagoas da cidade, as aves aquáticas atraem olhares de admiração. São
garças, mergulhões, patos. O gavião-caramujeiro também aparece por ali
em busca de caramujos. Nas proximidades das águas, há chances de avistar
raposas, tartarugas e sapos. Por terra, os lagartos são encontrados
perto de locais arborizados, como bosques e quintais. “Temos a iguana, o
tejo, a tijubina e os calangos por toda a cidade”, afirma Veiga.
Segundo o biólogo, há diversidade de animais silvestres em todos os
bairros devido às lagoas e árvores espalhadas pela Capital. Dessa forma,
é natural que algum desses bichos apareça em locais tidos como
inesperados.
Os animais que adentram residências e
propriedades privadas podem ser capturados pelo Batalhão de Polícia de
Meio Ambiente (BPMA) e encaminhados ao Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama). Segundo Marcus Costa,
comandante do batalhão, os pedidos de resgate mais frequentes vêm da
Messejana, da Sapiranga e do entorno do Cocó. Entre os bichos mais
recorrentes, estão a jiboia e o macaco-prego. Há casos também de gaviões
e jacarés.
Saiba mais
Presentes nos
parques do Cocó, Rio Branco e Adahil Barreto e também em
universidades, os gatos ameaçam as espécies de aves, lagartos e
serpentes. Eles se alimentam dos filhotes e causam desequilíbrio na
fauna, com espécies que podem desaparecer nas áreas verdes da cidade.
“Muitas pessoas acham que protegem os animais soltando gatos nestes
locais, mas não sabem que estão pondo muitos outros em risco”, alerta
Sanjay Veiga.
Nos primeiros seis meses de
2013, a Polícia apreendeu 1.260 animais em Fortaleza - 75% são
pássaros. A maioria é resgatada em feiras livres na Parangaba, no
Canindezinho e na Messejana.
No portal Wiki Aves (www.wikiaves.com.br),
fotógrafos registram imagens de diversas aves por todo o Brasil, com
comentários e detalhes sobre cada espécie. Em Fortaleza, foram enviadas
fotos de 175 espécies.
Extraído do site do Jornal diário do Nordeste: http://www.opovo.com.br/app/opovo/cotidiano/2013/08/24/noticiasjornalcotidiano,3116664/animais-silvestres-enchem-fortaleza-de-cores-e-sons.shtml